Desafios de Futuro
A sustentabilidade é, provavelmente, o maior desafio que temos para enfrentar a médio e longo prazo. Uma visão do futuro assente na sustentabilidade exige coerência, consistência e equilíbrio entre progresso social, responsabilidade ambiental e atividade económica (People, Planet, Profit).
Entre muitas possíveis formas de abordagem, elenquei a educação e a cultura como instrumentos fundamentais para um processo de mudança que urge desenvolver nas relações humanas.
A educação releva o desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral em termos individuais, enquanto a cultura é inerente a modelos de comportamento e transmissão de conhecimento intergeracional e, cada vez mais, um processo global.
O Ser Humano é, de facto, resultado de uma fantástica dinâmica bio-socio-psico. Em relação à primeira, não acredito que sejamos prisioneiros da nossa herança genética, ou que a evolução da nossa espécie seja exclusivamente resultante de conflitos intercelulares. Quanto às competências sociais e psicológicas assumem, para o bem e para o mal, um papel determinante nos modelos de sociedade que criámos.
Estas características têm em comum a necessidade de adaptação ao “meio-ambiente”, que representa uma oportunidade de evolução sustentável quando pomos em prática a nossa capacidade de pensar e agir colectivamente.
Somos cada vez menos o que comemos, e cada vez mais o que partilhamos, sobretudo conhecimento, valores e modelos de desenvolvimento.
Reitero anteriores escritos sobre conceitos e práticas como a tecnologia social e learning organisations, que podem ser aplicadas no nosso sector. A criação de plataformas regionais, para facilitar a inovação entre múltiplos intervenientes, de forma transversal, à volta de temas e problemas comuns, onde responsáveis do poder local, empreendedores e membros da sociedade civil partilham sensibilidades, aprofundam o conhecimento dos actuais sistemas, para descobrir e criar protótipos de novas ideias e oportunidades de colaboração.
A título de exemplo, a criação de uma plataforma multissectorial que reunisse parceiros “equipados” em múltiplas áreas de competência, com disponibilidade e mindset para partilhar conhecimento, permitiria alavancar iniciativas de internacionalização, otimizar recursos, com uma relação custo/ eficácia que garanta a sustentabilidade dos modelos de negócio.
A implementação de programas de responsabilidade social é outra das ações e medidas que devemos adoptar. A título de exemplo, no âmbito do mercado de eventos relevo a recuperação de património cultural, paisagístico e histórico, a adesão ao programa Carbono 0, com a plantação de árvores para anular emissão de CO2 nos eventos realizados, os donativos a organizações de carácter social, a participação em actividades e trabalhos comunitários, a melhoria da eficiência energética e a gestão de resíduos, a selecção de produtos e serviços locais que respeitem os princípios enumerados.
A inovação tecnológica mudou de forma radical a forma de pensar e agir, os códigos de comunicação que utilizamos, e criou oportunidades únicas de trabalhar em rede e potenciar a criação de auto-emprego, microempresas, espaços de co-work. “Small is really very, very, beautiful”.
O futuro constrói-se, está nas nossas mãos fazer com que aconteça de forma socialmente responsável e sustentável. A concretização deste objectivo universal exige apenas que tenhamos disponibilidade para ouvir sem preconceito, criar espaço para diálogo e agir colectivamente.
Artigo de Opinião publicado em Event Point 11, Abril 2013
Pedro Cardoso
O autor, dedica-se ao sector do Turismo desde 1982. Com formação em Gestão Hoteleira, foi quadro de cadeias hoteleiras, co-fundador e Director Executivo do Porto Convention Bureau, Consultor Hoteleiro, accionista e administrador de empresas de restauração e catering, Desde 2001, é Director da agência The House of Events, uma empresa especializada na organização de eventos associativos e corporativos e viagens temáticas.